segunda-feira, julho 26, 2010

Não é justo!

Todo mundo conhece a frase manjada: "Felicidade é amar e ser amado". Todo mundo já chorou um amor não-correspondido, e sabe o quanto isso dói. Mas e quando se está do outro lado? E quando você é amado, mas não ama?
É fogo, a vida não é justa. Você não quer magoar a outra pessoa, mas também não pode iludir. Não quer alimentar um sentimento que não é recíproco, mas ao mesmo tempo... poxa, quem é que não gosta de ser amado? Não é segurança que todos procuramos?
Você conhece uma pesssoa e ela se apaixona por você. Você vai levando, mesmo sem estar apaixonado, porque afinal de contas... Pelo menos ele(a) gosta de você! Te trata bem, faz carinho, te dá segurança! O duro é ter a maturidade de abrir mão dessa massagem no ego para ser sincero com a outra pessoa. E o pior, a ironia fina da vida, é que, retomando o que eu disse aí em cima, você não quer magoar a pessoa, sabe por quê? Porque sempre, sempre, SEMPRE é uma pessoa muito legal. É tudo que você queria, mas... Mas o quê? Como explicar?
Por que você não consegue amar aquele ser que te trata bem, te deixa à vontade, de quem todos os seus amigos gostam, que tem tantas qualidades? Como você pode ser tão ruim a ponto de não se comover com aquele amor sincero, as ligações, os presentes, as provas de que ele gosta de você de verdade?
É simples, na verdade: a gente se sente na obrigação de retribuir aquilo tudo. E nada que é feito por obrigação é bom. Você se pega olhando feio pro telefone quando reconhece o número fatídico, inventando desculpas para - pasmem!! - recusar o cinema no sábado, fazendo cara de sofrimento cada vez que se encontram, e se irritando.
Esse é o último estágio de um relacionamento onde o amor corre numa via só: a irritação. Tudo te irrita: a voz, o cheiro, a mera lembrança. E afinal, por que que ele(a) tem que ser tão meloso(a)? E te ligar mil vezes ao dia? E fazer planos pro próximo feriado prolongado? Era melhor se houvesse apenas aquela famigerada indiferença. É verdade, você ia gostar mais da criatura se ela te tratasse... mal. Se não te telefonasse, te desse um bolo no sábado à noite, desaparecesse de vez em quando, etc, etc.
Vai entender... o ser humano não gosta mesmo de nada fácil. Queremos emoção, dúvida, frio na barriga! Quando tudo vem de mão beijada, desdenhamos.
Aí vem a pior parte: você já decidiu, não aguenta mais, não é justo com você, nem com o outro. Então, o jeito é terminar, certo? Então, vai, termina.
Termina, anda!
Termina que eu quero ver!
Complicado, né? Tenta isso:
"Olha, você é muito legal, eu te adoro, quero você super bem, mas acabou, tá? Eu não gosto de você como você gosta de mim... Se duas pessoas têm que ficar juntas, que seja pelos motivos certos e ficar com você porque você gosta de mim, mesmo eu não te amando, não é um motivo certo. Eu não quero te magoar, e se nós continuarmos com isso, é o que vai acontecer. Mas você é uma pessoa maravilhosa e eu não quero te ver triste. Olha, não é você, sou eu. Eu não estou a fim de algo sério, eu sou tão complicado(a), você não merece continuar perdendo seu tempo com alguém como eu..."
Pode bolar seu discurso com todos os clichês conhecidos, não adianta, é fato: você VAI, SIM, magoar o outro.
(Nesse ponto, reze pro feitiço não virar contra o feiticeiro e VOCÊ não se apaixonar depois de terminar!)
E pra piorar, vai ter que explicar pra todos os seus amigos, umas 374629783462765976234 vezes, PORQUE RAIOS você abriu mão de um relacionamento que tinha tudo pra dar certo, afinal ele (a) era tão legal, e afinal, você só se deu mal em relacionamentos anteriores, e afinal, nessa vida a gente tem que gostar de quem gosta da gente... e afinal... Ah, quer saber? Você é uma besta mesmo!