quinta-feira, julho 14, 2016

Como Eu Fiquei Depois de Você

Esse post é parte de uma catarse que venho sofrendo há algum tempo. Não tem nada a ver com absolutamente mais ninguém além de mim, mas quis publicar por motivos de: O BLOG É MEU.
Eu fui traída. Pela pessoa que eu amava. Pela pessoa em quem confiei meus medos, minhas inseguranças pessoais, meu filho, minha vida. Doeu demais. Doeu muito. Mas passou. Toda dor é transitória - OBRIGADA, UNIVERSO. O que me intriga hoje é a cicatriz que ficou.
Então comecemos pela máxima das máximas: QUEM AMA NÃO TRAI. Não trai, não. Não me venha com "estamos em crise", "ela só quer saber das crianças", "ela mudou", "ela não me procura"... Tudo ela? Mas e quanto a VOCÊ? Tem tentado resolver a situação ou usa alguma desculpa esfarrapada tipo 'procurei na rua o que não tenho em casa'? 'A outra estava dando mole e fiz meu papel de homem'? 'Meus amigos estavam junto, eles iam me zuar'? 'Eu fiz sem pensar, foi coisa de moleque, mas passou'? Se a resposta for sim (você tenta melhorar), então te livra desse relacionamento aí e vai ser livre. Mas se a resposta for não... você é babaca.
Veja bem, eu nunca fui santa. Mas sempre achei traição uma coisa tão besta... Nunca vi vantagem em enganar ninguém, não passa pela minha cabeça como se pode transar com uma pessoa e dormir com outra. Acho baixo, não importa o que digam. Essa semana me deparei com um texto de uma suposta "amante" (termo besta) que dizia que a culpa era da esposa, por não ser mais quem o marido queria, apesar de ele gostar dela.
(Um adendo rapidão: tô usando o gênero masculino aqui, mas eu sei que também existe mulher que trai. Os argumentos tentando justificar podem ser iguais ou diferentes, mas não muda o mau-caratismo, independente de gênero e orientação sexual, ok? Então me poupem, se poupem, nos poupem)
É incrível como até no quesito traição a culpa cai sobre a vítima. O famoso papel de trouxa. Demorei pra entender que a trouxa da história não fui eu. Eu estou de cabeça erguida. Eu durmo de consciência tranquila. Eu sei o quanto respeitei e honrei a minha posição. Trouxa é quem engana, quem passa pela vida achando que é esperto, malandro. Esperto é quem vive bem.
Mas voltando ao assunto original, hoje me pego vendo que apesar da dor ter passado, a cicatriz que ficou é o pior. Hoje não confio mais. Hoje não tenho nem vontade de começar algo que possa QUEM SABE PODE SER QUE TALVEZ me machucar. Termino qualquer coisa antes de começar, me saboto mesmo. Porque aquele ser me tirou uma coisa essencial no ser humano: a confiança.
Fiquei arisca, desconfiada, cínica. Não acredito em finais felizes, não acredito em juntos pra sempre, não acredito em uma palavra escrita ou falada. Tenho medo, tenho um escudo que me envolve impedindo a aproximação dos outros. Eu não tinha percebido isso até começar a prestar atenção no que as amigas me dizem, na forma como me relaciono agora, nas minhas próprias experiências recentes. Mas quando comecei a fazer essa auto-análise, minha conclusão foi uma só: Estou estragada, danificada, quebrada.
É essa a pior parte: ver que a escolha dele (traição não é erro, é escolha, ficadica) me transformou de uma tal forma que ainda sofro as consequências, reverbera nas minhas atitudes o quanto isso ainda me afeta. Eu não queria que me afetasse, queria estar de peito aberto pro amor entrar, queria estar tranquila e serena acreditando que exista outra pessoa, mas não é assim que a banda tá tocando. Eu tô bem feliz na minha redoma, no meu mundinho, onde eu me protejo e protejo quem está comigo e também não pode sofrer outra perda. Não sei se é natural ou não, se é saudável ou não, só sei que me sinto mais segura!
Me disseram que isso também passa, como a dor passou. Eu nem sei se quero. Recolher meus caquinhos demorou e demandou uma força que eu nem sabia que eu tinha, mas tenho plena consciência que se levar outro tombo daqueles eu nunca mais levanto. Existe um limite pro que somos capazes de aguentar, afinal de contas. E se nunca mais eu tiver um relacionamento sério, tudo bem. Eu não sou solitária, eu tenho um milhão de amigos, família, um filho lindo, muita coisa pra viver ainda! E se um dia eu perceber que estou pronta, que alguém teve a paciência de ir pouco a pouco abrindo uma brecha no escudo de auto-preservação que eu construí... Garanto que essa pessoa vai ter de mim toda a fidelidade, todo o respeito do mundo. Porque eu sou assim, do bem. E no fim, o bem sempre vence.