sexta-feira, outubro 16, 2009

Calaboca

Já dizia minha amadíssima avó: em boca fechada, não entra mosquito.
Já diz o velhíssimo ditado: a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.
Então porque raios as pessoas gostam tanto de falar?
No prédio onde eu trabalho, é de lei: é só entrar no elevador, e ainda que você vá descer no primeiro andar, neguinho puxa conversa:

- Que chuva, hein?
(eu) - É.
- Calor, né?
(eu) - É.
- Nossa, que frio!!
(eu) - É.

Vem cá, eu estava na rua. E na minha sala tem janela. Eu sei muito bem como está o clima lá fora. E eu não trabalho na Climatempo.

Pior são as tias do fumódromo. Explico: sou funcionária pública, e aqui uns 80%, pelo menos, já passaram dos 40 - logo, tias. Destes, pouquíssimos NÃO assistem novela. Então, quando vamos fumar, é sempre a mesma balela:

- Menina, você viu a Ivone?
(eu) - Que Ivone? Do 3º andar?
- Não, da novela!
(eu) ¬¬

Oi, eu não assisto novela. Não, nem a das oito. Foda-se que tá 'pegando fogo'.

Na academia, um cara veio puxar conversa comigo na esteira. Na ES-TEI-RA.
- Oi!
(eu) (Puff, puff, puff) Oi!
- Nossa, você é muito metida!
(eu) (olhos arregalados, arfando) Eeeeeu?!?! Por quê?!?!
- Ah, você não fala com ninguém daqui.
Eu tô correndo, suada, com o coração na garganta e o bonito quer conversar? De que jeito? E helô-ôu, eu não conheço ninguém lá. O máximo que eu posso fazer é chegar e dar boa-noite, ou no máximo um sorrisinho, mesmo. O que eles querem? Um "oi, bonitão, que bíceps, hein?"? Me poupe.

Particularmente, não vejo nada demais no silêncio. Não é porque você sabe o nome de uma pessoa que é obrigado a ter assunto. E se não tem, pra que procurar? É aquela frase: "fica quieto só um pouquinho pra eu gostar mais de você."


Um comentário:

Rosana Ferreira disse...

Nessas horas agradeço a Deus essa minha cara de "poucos amigos", dificilmente alguém se aventura.
Para as viagens longas, uso fones de ouvido, às vezes nem estou ouvindo nada, mas se alguém comenta alguma coisa faço de conta q não estou ouvindo! kkkkkkkkk
Como a maioria das pessoas q moram sozinhas: adoooooooooro silêncio!