quarta-feira, janeiro 30, 2008

A Minha Grande Família - Capítulo 1 - Meu Pai



Olha meu Papis aí!!
Meu Pai é uma figura...
Alto, cara de bravo, tá sempre sério, de cara fechada. Mas é fachada, quem conhece sabe! Basta umas cervejinhas e o véio se abre mais que mala sem zíper...
Minhas primas e primos adoram ele. É o Tio Né, aquele que tá sempre de boa, faz a vontade de todo mundo se possível, mas se não der, também não deixa ninguém na mão.
Ele dorme cedo e acorda cedo, só pra atrapalhar minha mãe e eu, que gostamos de dormir tarde e acordar tarde. Por essas e outras eu o chamo de "véio": "É, véio tem que dormir cedo, mesmo..." Ele fica puto, claro!
Só o vi chorar duas vezes na vida: quando minha vó, mãe dele, morreu e quando meu filho nasceu. Fora isso, é sempre a rocha, o cara forte que não dá brecha nenhuma.
Com ele aprendi a gostar de samba, samba de verdade, samba de raiz: Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, etc, etc.
Com ele aprendi a ser são-paulina, o time que carrego com orgulho no lado esquerdo do peito!! E claro, juntos assistimos as conquistas do Tri Mundial, do Tri da Libertadores, etc, etc, sempre torcendo com o coração na mão e muitos gritos de felicidade. Hoje eu sei que o meu gosto por futebol nos uniu muito, é uma das poucas coisas que fazemos juntos, e eu dou muito valor a isso.
Ele adora cantar. Pena que canta mal pacaaaaaaaaaaaaas!!! Toca violão, e eu acompanho cantando, porque se depender dele... nossos ouvidos não merecem!!
Ele me ensinou a dirigir. "Fica de olho, sempre tem um filho-da-puta pra atrapalhar" é a frase mais impactante, deveria estar na boca de todos os instrutores de auto-escola...
Meu pai adora minha comida. Quando sou eu que tô na cozinha, ele fica em cima "Já acabou? Já tá pronto?" Eu encho o saco pra ele comer direito, comer salada, tomar um suco natural, etc, e ele acaba obedecendo (bom, no fim todo mundo me obedece, hahahaha)
Ele é sossegado. MUITO sossegado. Puxei isso a ele, essa postura de que "o que não tem remédio, remediado está". Falo que o mundo tem que acabar em barranco, pra ele morrer encostado. Mas ele nem se abala. Aliás, ele nunca se abala...
O derrame que ele teve serviu pra mudar algumas coisas. Ele está menos seco, mais aberto e conversando mais. O susto foi grande, mas graças a Deus passou. E o que ficou foi a certeza de que tudo na vida é passageiro, menos a família. E o amor, o imenso amor que eu tenho por esse cara.
Meu véio, meu rabugento, meu pai.

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