quinta-feira, julho 14, 2016

Como Eu Fiquei Depois de Você

Esse post é parte de uma catarse que venho sofrendo há algum tempo. Não tem nada a ver com absolutamente mais ninguém além de mim, mas quis publicar por motivos de: O BLOG É MEU.
Eu fui traída. Pela pessoa que eu amava. Pela pessoa em quem confiei meus medos, minhas inseguranças pessoais, meu filho, minha vida. Doeu demais. Doeu muito. Mas passou. Toda dor é transitória - OBRIGADA, UNIVERSO. O que me intriga hoje é a cicatriz que ficou.
Então comecemos pela máxima das máximas: QUEM AMA NÃO TRAI. Não trai, não. Não me venha com "estamos em crise", "ela só quer saber das crianças", "ela mudou", "ela não me procura"... Tudo ela? Mas e quanto a VOCÊ? Tem tentado resolver a situação ou usa alguma desculpa esfarrapada tipo 'procurei na rua o que não tenho em casa'? 'A outra estava dando mole e fiz meu papel de homem'? 'Meus amigos estavam junto, eles iam me zuar'? 'Eu fiz sem pensar, foi coisa de moleque, mas passou'? Se a resposta for sim (você tenta melhorar), então te livra desse relacionamento aí e vai ser livre. Mas se a resposta for não... você é babaca.
Veja bem, eu nunca fui santa. Mas sempre achei traição uma coisa tão besta... Nunca vi vantagem em enganar ninguém, não passa pela minha cabeça como se pode transar com uma pessoa e dormir com outra. Acho baixo, não importa o que digam. Essa semana me deparei com um texto de uma suposta "amante" (termo besta) que dizia que a culpa era da esposa, por não ser mais quem o marido queria, apesar de ele gostar dela.
(Um adendo rapidão: tô usando o gênero masculino aqui, mas eu sei que também existe mulher que trai. Os argumentos tentando justificar podem ser iguais ou diferentes, mas não muda o mau-caratismo, independente de gênero e orientação sexual, ok? Então me poupem, se poupem, nos poupem)
É incrível como até no quesito traição a culpa cai sobre a vítima. O famoso papel de trouxa. Demorei pra entender que a trouxa da história não fui eu. Eu estou de cabeça erguida. Eu durmo de consciência tranquila. Eu sei o quanto respeitei e honrei a minha posição. Trouxa é quem engana, quem passa pela vida achando que é esperto, malandro. Esperto é quem vive bem.
Mas voltando ao assunto original, hoje me pego vendo que apesar da dor ter passado, a cicatriz que ficou é o pior. Hoje não confio mais. Hoje não tenho nem vontade de começar algo que possa QUEM SABE PODE SER QUE TALVEZ me machucar. Termino qualquer coisa antes de começar, me saboto mesmo. Porque aquele ser me tirou uma coisa essencial no ser humano: a confiança.
Fiquei arisca, desconfiada, cínica. Não acredito em finais felizes, não acredito em juntos pra sempre, não acredito em uma palavra escrita ou falada. Tenho medo, tenho um escudo que me envolve impedindo a aproximação dos outros. Eu não tinha percebido isso até começar a prestar atenção no que as amigas me dizem, na forma como me relaciono agora, nas minhas próprias experiências recentes. Mas quando comecei a fazer essa auto-análise, minha conclusão foi uma só: Estou estragada, danificada, quebrada.
É essa a pior parte: ver que a escolha dele (traição não é erro, é escolha, ficadica) me transformou de uma tal forma que ainda sofro as consequências, reverbera nas minhas atitudes o quanto isso ainda me afeta. Eu não queria que me afetasse, queria estar de peito aberto pro amor entrar, queria estar tranquila e serena acreditando que exista outra pessoa, mas não é assim que a banda tá tocando. Eu tô bem feliz na minha redoma, no meu mundinho, onde eu me protejo e protejo quem está comigo e também não pode sofrer outra perda. Não sei se é natural ou não, se é saudável ou não, só sei que me sinto mais segura!
Me disseram que isso também passa, como a dor passou. Eu nem sei se quero. Recolher meus caquinhos demorou e demandou uma força que eu nem sabia que eu tinha, mas tenho plena consciência que se levar outro tombo daqueles eu nunca mais levanto. Existe um limite pro que somos capazes de aguentar, afinal de contas. E se nunca mais eu tiver um relacionamento sério, tudo bem. Eu não sou solitária, eu tenho um milhão de amigos, família, um filho lindo, muita coisa pra viver ainda! E se um dia eu perceber que estou pronta, que alguém teve a paciência de ir pouco a pouco abrindo uma brecha no escudo de auto-preservação que eu construí... Garanto que essa pessoa vai ter de mim toda a fidelidade, todo o respeito do mundo. Porque eu sou assim, do bem. E no fim, o bem sempre vence.

sexta-feira, julho 08, 2016

A Empatia Nossa de Cada Dia

Existe uma expressão em inglês: 'to put yourself in someone else's shoes'. Basicamente, 'usar os sapatos de outra pessoa'. Essa expressão sempre me lembra do bom e velho ditado brasileiro 'CADA UM SABE ONDE O SAPATO LHE APERTA O CALO'.
E essa é a melhor definição prática de empatia que eu consigo encontrar. Como não entender o outro se você se colocar no lugar dele tão literalmente a ponto de usar os sapatos dele? Entender onde apertam, onde são confortáveis e até se deixam chulé ou não?
Assim é a nossa vida. Quando você acorda de manhã e sai pra trabalhar, está no automático? Ou percebe as pessoas ao seu redor - e ativa sua empatia por elas? Aquele 'bom dia' automático, o fato de não lembrar o nome de alguém com quem você trabalha... Será que não está na hora de colocar esse conceito tão abstrato em prática no seu dia-a-dia?
Pra começo de conversa: BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE, COM LICENÇA, OBRIGADO. Seja educado com as pessoas ao seu redor, e não no modo automático. O balconista da padaria, o lixeiro que está varrendo sua rua, o manobrista que guarda seu carro, o porteiro que libera a catraca da firma. Você sabe os nomes deles? Você tira um pouco os olhos do celular para olhar nos olhos deles? Você ao menos sorri para essas pessoas que estão presentes em todos os dias da sua vida?
PREOCUPE-SE. Não só com os seus problemas. Preocupe-se com aquela pessoa com quem você não fala há tempos. Com sua mãe. Com seu amigo que perdeu o emprego. Com o cara que vende bala no farol. Reserve um minuto do seu dia para mandar boas vibrações para os outros, ao invés de apenas pedir pra você mesmo. 
OUÇA. Ouça o que a outra pessoa diz. Ouça com atenção. Mesmo que depois você não tenha nada de produtivo a dizer, mesmo que você não saiba como ajudar, mesmo que esteja preocupado com aquela conta. Escutar o que o outro tem a dizer não dói. O que dói é ter o que dizer mas não ter ninguém disposto a ouvir.
NÃO MENOSPREZE. Você não se incomoda com o frio? Tem quem sofra. Você não se incomoda com o calor? Tem quem sofra. Aquela piada não te atingiu, mas tem alguém reclamando dela? Volte pro item anterior: ouça. E se você ainda discordar, fique quieto. O sofrimento do outro não é menor que o seu, só porque você não sofre por aquela razão específica. "mimimi" é político corrupto reclamando de perseguição. O resto, se não te atinge, você não pode diminuir. Simples assim.
NÃO CAGUE REGRA NA CABEÇA ALHEIA. Essa frase pode parecer contraditória, no meio de uma lista de cagação de regras. Mas o que eu quero dizer é que você não pode ditar pro outro o que fazer da vida dele. É dele, oras. Você não """"aceita"""" gay? Ok. Problema seu. Deixa o gay viver a vida dele. Você aceitar - ou não - não vai mudar a orientação sexual de ninguém. A mulher quer transar, viver uma noite sem compromisso? Deixa ela. Vai mudar sua vida no quê? Não julgue. O que é bom pra você não é bom pro outro. Aprenda que dá pra cuidar da pessoa sem cuidar da vida dela. Você só pode dar conselhos até onde a outra pessoa permitir - e olha que ela ainda pode não ouvir ou ouvir e cagar pro que você disse. Mais uma vez, problema dela. 
REPENSE TUDO. Repense sua sexualidade, sua religião, seus costumes, suas verdades. Pra você, não pode ser gay, não pode ser macumbeiro, não pode fazer tatuagem, não pode ser sexualmente ativa se for mulher. Pra outra pessoa, pode tudo. E agora? Vocês estão no mesmo planeta, ao mesmo tempo. Dá pra conviver de boa? Dá pra entender o outro serumaninho?
Enfim, você consegue se colocar no lugar de outra pessoa? Entender o que ela passa, do momento em que acorda até quando vai dormir? Consegue calçar o sapato alheio? Consegue valorizar a luta, mesmo que pareça não ser sua? Uso "pareça" por um motivo simples: Fazer um mundo melhor depende de todos nós, juntos. Não existe luta ~alheia~. Tudo que for capaz de fazer um mundo melhor, onde ninguém se sinta diminuído, menosprezado, pisado ou discriminado; é uma luta de TODOS. E vale muito a pena.
Calce outros sapatos você também. :)

segunda-feira, junho 27, 2016

Ai que T grande!!

Muito se fala sobre o tesão, mas nós mulheres sempre ficamos meio que à margem da discussão. Isso mudou ao longo dos anos: hoje temos vibradores, lubrificantes voltados ao público feminino, filmes pornô para mulheres e o que é, pelo menos pra mim, o maior dos sinais: a literatura erótica voltada para mulheres.
Se nos tempos da sua vó (ou da sua mãe), o que fazia sucesso eram os romances de banca de jornal tipo Sabrina, você sabe do que eu estou falando. Esses livros eram o que havia pras moçoilas de família sonharem com romances, aventuras - e só um pouquinhoinhoinho de sacanagem. As histórias quase sempre envolviam uma plebeia e um príncipe que renunciava a tudo pra ficar com ela; a (pouca) sacanagem só rolava depois de um casamento às escondidas, e mesmo assim podia ser resumida numa frase: "SE AMARAM". Pronto, estava subentendido que tinha rolado sexo, e a mocinha quase sempre acordava nos braços de seu amor, enrubescida de vergonha, porém satisfeita como mulher. Parece incrível, sendo que hoje temos 50 Tons de Cinza e seus derivados, que contam cada transa dos personagens com tanta riqueza de detalhes que uma trepadinha pode levar três páginas!
Mas a verdade é que o mundo finalmente percebeu uma verdade simples: MULHER TAMBÉM SENTE TESÃO!!! A diferença é que nosso tesão é muito mais subjetivo que o tesão deles, mas sim, existe, e não é tão complicado assim! O que o homem precisa entender é que todos os sentidos da mulher se unem para criar esse tesão, então vale prestar muita atenção na parte sensorial como um todo:
O VISUAL: Pra começo de conversa, mulher gosta de ver, sim. Pode não gostar muito de SE ver, por isso a paixão por meia-luz, mas gosta de olho-no-olho, gosta de ver o desejo do parceiro, gosta SIM de um strip-tease particular... Então aposente essa cueca branca folgada, antes de reclamar da calcinha bege, meu chapa!!
O OLFATO: Agora é que a diferença entre homens e mulheres grita. A casa pode pegar fogo literalmente, o homem nem percebe! Enquanto isso, a mulher registra absolutamente todos os cheiros, o cheiro dele, o cheiro dela, o cheiro do amaciante no lençol, o cheiro da chuva lá fora. Não custa nada se perfumar um pouco - eu disse UM POUCO. E desodorante não é perfume, ficadica.
O TATO: Sim, ela quer te tocar, ela quer sentir sua pele contra a dela, ela quer ficar abraçadinha depois... Adivinha? É proximidade, é uma ligação necessária pra ela. Pergunte o que excita uma mulher e ela pode fazer uma lista de 50 coisas, mas "pegada" com certeza estará entre as primeiras exigências. É por isso que a gente sempre repara nas mãos do caboclo... E também por isso que não adianta tentar esconder a aliança se estiver pulando a cerca.
A AUDIÇÃO: Não existe obrigatoriedade aqui, tem mulher que prefere o silêncio, tem mulher que prefere que o cara fale umas sacanagens, tem mulher que prefere morrer a ouvir (ou falar) algo que não sejam gemidos. O grande problema é que, com a audição mais aguçada que a do Demolidor, ela vai ouvir a briga do vizinho, os latidos do cachorro, a sirene da ambulância passando do outro lado da cidade... Vale investir numa trilha sonora goxtozinha pra não distrair a moçoila. Só não vale começar a cantar junto ou batucar na cama.
O PALADAR: Tem homem que no beijo já deixa a mulher louca. Pena que muitas vezes, na hora do vamovê, eles se esquecem disso!! Beija, fio, beija meeeeeeesmo, beija com vontade!!! Você vai agradecer depois. E não se esqueça de verificar se ela é #TeamCospe ou #TeamEngole. Vale evitar o bife acebolado só por precaução.
É importante frisar que o tesão feminino, por ser tão condicionado, também é fácil de destruir. Do mesmo jeito que o fogo acende, apaga com uma rapidez que só vendo. Sim, querido, mulher também broxa. E é uma broxada pior que a sua, porque está ligada a tudo que você faz, fala ou apresenta, não só ao ato em si. Basta uma atitude "errada" e adeus, fogo... Ela pode broxar com um perfume muito forte, com uma cantada imbecil, com um erro de português (EU), com uma atitude escrota da sua parte com relação ao garçom, com os seus avanços exagerados - ou com a sua falta de iniciativa, com aquela olhada pra bunda de outra moça que você tentou (ou não) disfarçar. Em qualquer desses casos, ela vai broxar e pra reviver esse tesão, meu filho, prepara o sapatinho porque tu vai ter que sambar.
De tudo que eu posso falar sobre o tesão feminino, o que mais vale a pena é um toque muito simples, mas que muito homem ainda precisa ouvir: mulher segura de sua sexualidade NÃO É vadia. Mulher que dá no primeiro encontro NÃO É vagabunda. Mulher que quer sexo, pede sexo pro parceiro, que procura NÃO É ninfomaníaca. Ela simplesmente está com tesão. Você pode aproveitar se esse tesão todo está direcionado à sua ilustre pessoa. Ou você pode ser um machista babaca de merda e rotular "essa é pra casar, essa não é". Você pode não saber, mas a 'pra casar' sente tesão também. O problema é que você já broxou ela de tal forma que daquele fogo todo nem brasa sobrou.

sexta-feira, junho 05, 2015

Aborrescência

Meu filho está se tornando um adolescente. É um fenômeno observado por mim com curiosidade e um pouco de raiva - pra começar, não tenho estrutura psicológica pra ter um filho adolescente e maior que eu. Mas enfim. A vida joga no colo, tem que segurar.
Outra coisa que me dá um pouco de raiva é porque adolescentes são, em sua essência, IRRITANTES.
Nada tá bom, tudo tá errado, tudo eu nessa casa, vou usar essa calça porque eu quero, etc etc etc
Não que eu também não tenha sido irritante quando adolescente, todo mundo é.
Lembro que tinha fases: às vezes, sentava com minha mãe na sala de casa e ficava fazendo palavras cruzadas por um tempão, super de boa. Na outra semana, aquele era o programa mais chato do mundo e eu queria mesmo era sair com minhas amigas e ir naquela festa que todo mundo foi mas eu não fui, porque eu não sou todo mundo.
Às vezes ia feliz e contente pras festas de família, às vezes no mesmo dia tinha um cinema com a turma e eu ficava louca da vida, mas não podia reclamar porque não tinha mesmo dinheiro pra pagar o cinema e quando pedia recebia a importante informação de que dinheiro não nasce em árvore.
Às vezes estudava com a tv e o rádio ligados, cantando em voz alta e com a luz acesa mesmo de dia porque sempre enxerguei mal, mas aí tomava bronca porque convenhamos, ninguém em casa era  sócio da Light.
Então ia tomar um banho pra desestressar e bem no meio da entrega do Oscar (quem se lembra da comunidade "Eu recebo prêmios no banho" do Orkut? Bons tempos); rolava aquele escândalo quase derrubando a porta do banheiro, porque afinal já tava lá dentro com o chuveiro ligado há 15 minutos, que absurdo era esse, ameaças de desligar a luz da casa toda - algumas vezes cumpridas.
Aconteceram alguns corações partidos e fins de namoros que eram pra vida toda, e eu me indignava com os conselhos do tipo "ah, isso passa, você é tão nova, nem sabe o que é o amor".
Aconteceram algumas punhaladas de "amigas" e eu achava que era o fim do mundo, enquanto recebia aquele olhar de dó e a resposta pronta "eu nunca gostei dela" - e poxa life, era verdade.
Passava as tardes assistindo MTV embalada por Jon Bon Jovi. E escutava que aquilo não era música de verdade.
Me vestia como uma garota da minha idade. E ganhava muitos narizes torcidos.
Enfim, fui uma adolescente, nem melhor nem pior que tantas outras da minha idade, mas com certeza muito irritante pra minha mãe. E como a vida é um ciclo que nunca acaba, agora é minha vez de lidar com tudo isso, e - SURPRESA! - minhas reações, frases e conselhos são tão parecidos com os da minha mãe que se naquela época eu tivesse gravado o que ela falava (em fitas cassete, claro); hoje reproduziria cada palavra perfeitamente.
Claro que ainda sou uma mãe moderna, pouca diferença de idade, liberal até certo ponto, com o mesmo gosto por filmes de terror, Doctor Who e pipoca, mas ainda sou mãe, né?
Então se toca aí que eu sei o que é melhor pra você. E não responde pra mim!!!!

quinta-feira, maio 14, 2015

Que frio, taqueopariu

Tenho ojeriza ao frio. Sou uma pessoa do sol, do calor, temperatura amena pra mim não dá.
Sem contar que tudo, absolutamente TUDO no frio é mais difícil!
Quer ver?

1. Sono
O sono é um capítulo todo especial no frio. Começa pela necessidade de 5 cobertores, 2 edredons e aquele pijama que você morre de vergonha de admitir que tem, mas se convence que é "o único que realmente esquenta no frio"!

Tá lindo, tá sleep-fashion!

Deitar pra dormir é uma tortura. A cama está gelada, e qualquer mexidinha de corpo abre uma fresta entre os cobertores por onde entra o que só pode ser descrito como a brisa polar.
Vira daqui, vira dali, você finalmente encontra uma posição perfeita, se aconchega e dorme.
Aí o inferno é acordar. O despertador toca e já vem aquela certeza: está frio fora desse reino de conforto. E agora, como lidar? E a água fria na cara pra acordar? Pelo menos dizem que contrai os poros - você está congelada, mas repara que pele incrível!!!

2. Banho:
Tirando quem mora em São Paulo - que tá sem água mesmo e tem que se virar na canequinha, o que já é sofrimento até no verão - o banho é um dos momentos mais cruciais na vida de quem está enfrentando o inverno do lado de cá da Muralha.
Entrar no banho é difícil, exige a abertura do chuveiro cerca de 10 minutos antes, em temperatura de vulcão, para esquentar o banheiro com aquele vapor de filme de terror. Só depois de garantir esse clima londrino é que a pessoa consegue finalmente tirar a roupa.
Uma vez debaixo do chuveiro, tudo é festa, tudo é alegria. Até o momento em que você tem que SAIR. Parece que o vapor se extingue quase que imediatamente, e o frio volta a dominar sua vida. A ida do banheiro até o quarto, só de toalha, é um capítulo à parte que nem vale a pena mencionar.


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3. Comida:
Nenhuma época do ano é tão favorável à gordice do que o frio. A parte de saladas no menu fica mais esquecida que ex-BBB que saiu na primeira semana.
A desculpa é que nosso metabolismo desacelera, então naturalmente tendemos a escolher comidas com maior teor calórico, para enfrentar o longo e tenebroso inverno.
E dá-lhe batata frita, pizza, lasanha, fondue, chocolate, pipoca com manteiga, sopa, caldo, chocolate, vinho quente, choconhaque, quentão, polenta, chocolate, chocolate e chocolate.
Não é à toa que quando chega a primavera as academias lotam com o povo do "Projeto Verão". Pra mim, particularmente, o "Verão" é de "Me Verão No Bar Assim Que o Calor Começar".

4. Tarefas domésticas:
A única tarefa doméstica legal de fazer no frio é passar roupa. E mesmo assim é uma das coisas mais sacais de se fazer em casa, ou seja, custo-benefício nulo.
Mas o frio é a época do ano em que eu me me pego pensando que a ecologia tem mais que ir à merda e vou adotar pratos, copos e talheres descartáveis. Aliás, panelas descartáveis também.
Aliás, roupas descartáveis também.
E que tal um banheiro auto-limpante? Carro auto-limpante? Cachorro auto-limpante?

Tá fácil

5.  Sair de casa
Sair de casa no calor é muito fácil. Você provavelmente estava com o ventilador ligado, então é só colocar aquele Ray-ban, pegar a garrafinha de água gelada e sijogar.
No frio, você tem que sair duas ou três vezes para se aclimatar com a sensação térmica, o que não vai te salvar de sofrer ou o efeito cebola (ir tirando camadas e mais camadas de roupa durante o dia), ou passar frio porque acreditou na bendita previsão do tempo, mas só olhou a parte onde estava "máxima de 25º".
Se você vai trabalhar de ônibus, tenha uma certeza: todas as janelas estarão lacradas, criando aquele microclima gostosinho de proteção do frio - poréééééém com o ar carregado de vírus da gripe que pelo menos um fdp tá carregando.
Sair pra curtir a night (#GíriasIdosas) é outra coisa complicada. Você se pega ponderando se vale mesmo a pena tirar o pijama e a pantufa pra sair e passar frio. Ou se não é melhor chamar os amigos, fazer um fondue, abrir um bom vinho e ficar perto da lareira. Ou, caso você seja pobre, chamar os amigos, fazer um caldo de mocotó, abrir uma garrafa de pinga pra fazer quentão e ficar tremendo, mas em boa companhia, pelo menos.

6. Sexo:
Nada do que foi dito até agora - repito: NADA! - se compara à dificuldade que é faser céquiço no frio. Preliminares? Que que é isso? Com essa mão gelada? Nem pensar!!! Não rola ir tirando a roupa aos poucos, tem que entrar debaixo do cobertor vestido e só então tirar. E sem movimentos bruscos: lembra da fresta no cobertor e a brisa polar? Pois é, na hora do vamovê, não tem como curtir se alguma parte do corpo está sendo congelada. Claro que com o tempo e o embalo da coisa toda a tendência é que os corpos em atrito acabem gerando calor, mas até chegar nessa parte... Quero ver um dos dois ter coragem de pedir pro outro: "Amor, tira a meia?"

domingo, abril 12, 2015

Lista de desejos

Querer...
Queria uma vida mais simples, menos corrida, mais tranquila.
Queria um carro - e uma viagem de carro sem destino certo.
Queria que a gasolina fosse mais barata.
Queria que tudo fosse mais barato.
Queria ganhar mais - se bem que, se tudo fosse mais barato, nem precisaria.
Queria uma assinatura vitalícia da Netflix - e tempo livre pra assistir tudo que eu quiser.
Queria tempo livre.
Queria tempo.
Queria ter certeza absoluta que meu filho vai estar sempre bem.
Queria poder dar pro meu filho tudo que eu não tive, e mais.
Queria poder colocar em palavras o amor que eu sinto por ele.
Queria mais um filho - ou filha. Adotar é amor.
Queria uma torneira de cerveja em casa.
Queria um freezer cheio de sorvete.
Queria um suprimento infinito de queijo.
Queria pizza todo dia.
Queria que nada disso engordasse.
Queria não me preocupar com meu peso.
Queria fazer academia.
Queria ser dona de uma academia só pra poder me exercitar depois que todo mundo for embora.
Queria não ser antissocial com gente que eu nem conheço.
Queria não ser tão grossa com gente que eu conheço.
Queria ter mais papas na língua e guardar um pouco mais o que eu penso.
Queria que as pessoas pensassem como eu, mas só um pouquinho, pra ainda haver debate de ideias.
Queria a volta de Friends.
Queria reprise dos Trapalhões com o Mussum e o Zacarias.
Queria programação de qualidade na tv aberta.
Queria não me divertir tanto com notícias sobre subcelebridades.
Queria assistir Titanic e chorar quando o Jack morre, e não quando o menininho italiano e o pai são atingidos por uma onda enorme.
Queria não ser tão diferente.
Queria ser mais normal.
Queria parar de fumar.
Queria ter mais paciência e menos ansiedade.
Queria visitar meus amigos chilenos, meus amigos baianos, minha amiga na Irlanda.
Queria uma grande viagem de férias por ano.
Queria que a feira durasse até mais tarde no domingo, porque domingo NÃO É dia de acordar cedo.
Queria dormir mais.
Queria uma cozinha auto-limpante.
Queria uma casa, um carro, um cachorro auto-limpantes.
Queria um labrador.
Queria uma família de labradores.
Queria me entender melhor com minha família.
Queria apagar as coisas ruins do passado e deixar só as lições que aprendi, sem saber direito de onde vieram.
Queria morar numa casa enorme com todos os meus amigos.
Queria mais momentos sozinha.
Queria ler mais jornal e menos a saga Harry Potter.
Queria uma massagem nos pés, nos ombros, na alma.
Queria não sentir tristeza.
Queria que tudo se resolvesse num passe de mágica, ao estilo Harry Potter.
Queria ler os clássicos, assistir os clássicos, ouvir os clássicos.
Queria uma piscina.
Queria que o verão durasse o ano inteiro.
Queria que as pessoas não jogassem lixo nas ruas.
Queria que as pessoas se colocassem mais no lugar do outro.
Queria ter o coração em paz.
Queria uma lista de desejos menor, mais prática e menos sonhadora.
Quero nunca deixar de sonhar.

sexta-feira, abril 10, 2015

Nostalgia

Não importa o quanto sua vida seja boa, feliz e próspera. Você sempre vai olhar pra trás e ter saudades de alguma coisa. Que seja uma roupa, um corte de cabelo, uma época, uma música, um amor, um amigo.
Essa é a saudade que mais dói, a dos amigos. Porque você pode justificar de todas as formas - "ele mudou pra longe", "ela casou e teve filho", "eu trabalho muito" - não adianta, baby. Aquela dorzinha de saudade, e de culpa também, sempre estará lá. Por que você deixou aquela pessoa tão importante pra trás? Como assim você está sobrevivendo sem mil telefonemas ao dia entre vocês? Como assim vocês não se vêem há anos? Como assiiiiiiiiiim???
A verdade é que a vida adulta cobra demais da gente. Passamos a adolescência inteira querendo ser 'de maior', fazendo mil planos, construindo nossos castelos que só o tempo dirá se são de areia ou não.
Mas o tempo passa, o tempo voa...
E você não vê passar. Quando se dá conta, já são anos sem falar com aquela pessoa que tem um espaço tão grande no seu coração. Você se consola - "meu amigo vai bem, grazadeus' -, mas a saudade... Ah, a saudade ainda dói. Sempre vai doer. Acostume-se ou faça algo a respeito.
Essa semana, em um grupo do Facebook, vi fotos minhas da adolescência que eu nem sabia que existiam. Anos e anos da minha história passaram diante dos meus olhos. Na minha cabeça, além das conclusões óbvias - "poxa, eu era magra" -, também me passou uma conclusão muito dolorida: deixei passar tempo demais pra rever os velhos amigos. Eles ficaram na lembrança, com muito carinho, claro, mas só na lembrança.
Senti saudades do burburinho de cada dia, das fofocas, das brincadeiras, dos apelidos, dos problemas que pareciam imensos, dos amores que pareciam eternos, das brigas que pareciam insolúveis, dos dramas que hoje soam bobos demais pra acreditar que um dia os levei a sério. Mas isso é crescer: dar importância ao que no fundo realmente importa, aprender a separar o joio do trigo, valorizar o que temos hoje, antes que se torne uma mera lembrança...
É preciso reviver nossa própria história de vez em quando. Sair da concha e fazer aquele reconhecimento de terreno. E quem melhor pra caminhar ao nosso lado do que as pessoas que um dia trilharam o mesmo caminho que nós? Se tem um conselho que eu posso dar, é esse: deixe a nostalgia entrar. Reencontre velhos amigos, relembre histórias, chore, ria, reata laços gastos pelo tempo... Você só tem a ganhar.